quinta-feira, 26 de junho de 2008

Prefácio do livro "A Hipnose do terceiro milênio" -- continua no ponto em vermelho para quem leu o início no orkut ...


(Escrito por mim...)


Quando comecei a estudar Psicologia, ainda desconhecendo os caminhos que essa área tão grande do conhecimento podia me proporcionar, deparei-me com as dificuldades iniciais de uma mudança tão radical. Afinal, havia concluído o 2º grau técnico em mecânica e trabalhava com consultoria de Informática. Por que então eu estava começando um curso superior tão distinto da minha realidade? Com um pouco de dúvida e indo contra todos os conselhos das pessoas que eu conhecia, iniciei o curso de Psicologia e nos 2 primeiros períodos quase o abandonei, pois a Informática me tomava cada vez mais tempo. No começo do 4º período, fazendo a disciplina eletiva de Tanatologia encontrei, em textos de Milton Erickson e Elizabeth Kübler-Ross, dentre outros, o verdadeiro motivo que me levou a estudar Psicologia: a psicoterapia clínica e suas possibilidades mais diversas no que tange o relacionamento cliente-terapeuta.
Empenhei-me então, a partir desse contato, a aprender as ferramentas que um psicoterapeuta pode e deve usar e, de todas que tive a oportunidade de conhecer, a técnica da hipnose foi a que mais me chamou a atenção. Fiz cursos, comecei a pesquisar em sites e grupos de discussão na Internet tudo o que era relativo ou acerca de hipnose. No próprio currículo da faculdade, disciplinas como Psicofisiologia e Neuroanatomia me fizeram prestar atenção ao aspecto fisiológico da hipnose e procurei entender os processos hipnoidais aos quais alguém pode ser submetido.
Em setembro de 1998 vi um cartaz no mural da faculdade: um curso de hipnose em um hospital público para psicólogos, médicos, odontólogos e estudantes em final de curso. Resolvi então me inscrever, pois o conteúdo programático tinha uma abordagem que me despertou interesse. Na aula inicial fechou-se a gestalt que me levou a fazer Psicologia. Estavam ali, no método desenvolvido pelo médico e psicoterapeuta Fernando Rabelo, tudo que eu admitia e acreditava sobre a solidariedade ao cliente e a eficácia terapêutica, com todas as teorias embasadas pela medicina ocidental, oriental e pela física quântica.
Senti necessidade de documentar o trabalho realizado, para que outras pessoas vissem o processo. Ofereci-me para filmar e fotografar. Numa grande sincronicidade, o Dr. Fernando estava procurando alguém que pudesse fazer isso, não só nas aulas, mas também nas triagens e aulas práticas. Assim, filmei e fotografei, além das aulas práticas, várias triagens coletivas de pacientes, onde eram realizadas anamneses iniciais e pequenas intervenções terapêuticas feitas pelo Dr. Fernando.
Durante esse trabalho eu tive a certeza de que, aquele método que a mim era apresentado, as teorias que o embasavam, a seriedade do trabalho e de quem o dirigia eram as bases de uma nova teoria que, se levada a sério, poderia revolucionar as bases da psicoterapia, pois nela levavam-se em conta aspectos que para muitos não tinham influência alguma, mas que aos olhos holísticos fazem toda a diferença. O resto da faculdade passou a ser “cumprimento de tabela”, pois o “campeonato” já estava ganho pela teoria da hipnose holística.
Na triagem de março de 1999 o Dr. Fernando não estava se sentindo bem. No começo de abril soubemos que ele estava com um câncer raro no cérebro. As triagens e os atendimentos foram suspensos, pois o diretor do Hospital, Dr. Edison Rodrigues da Paixão, logo após a licença médica do Dr. Fernando, mandou fechar o setor de hipnose. O curso continuou em outro local com aulas dos estagiários mais antigos, escolhidos e orientados pelo próprio Dr. Fernando, que mesmo com a doença continuou sendo nossa bússola teórica e prática.
Assim, após um ano de mudanças e muita luta, em abril de 2000 foi fundado, pelo Dr. Fernando, que à época se recuperava da segunda cirurgia, o Instituto Brasileiro de Hipnose Holística, que tem seu estatuto redigido com o objetivo de desenvolver, divulgar e promover o estudo, a pesquisa e as aplicações da Hipnose com uma abordagem holística, que considera o ser humano como uma totalidade indivisível, simultaneamente física, emocional, mental e espiritual.
Problemas políticos e burocráticos ainda não deixaram nosso trabalho continuar em outro hospital. Enquanto isso, mais de 2000 pacientes, entre os que estavam em atendimento e os que estavam aguardando serem chamados, estão sem atendimento, pois ainda não existe um “local” no sistema de saúde do município para o setor de hipnose.
Após duas cirurgias e 3 anos de luta contra essa doença tão avassaladora, O Dr. Fernando nos deixou em abril deste ano. Nós, admiradores e discípulos do seu trabalho, continuamos tentando não deixar a chama acendida por ele se apagar e com esse livro editado realizamos o desejo do nosso grande mestre: dar a todos uma visão da teoria e da prática da hipnose holística e energética desenvolvida por ele nesses 7 anos do setor de hipnose no Hospital Miguel Couto, o berço de todo esse trabalho. Tenho certeza que todos nós somos contemporâneos de um grande estudioso dos processos mentais e psicológicos do ser humano.
Meu querido amigo e mestre Fernando: Estamos conseguindo! Parabéns pelo livro! Tenho certeza de que de onde estiver você estará muito feliz. Continue na luta!
Muita Paz, Harmonia, Tranqüilidade, Amor e Equilíbrio a todos.
Lauro Rodriguez de Pontes - Psicólogo

2 comentários:

Edison Rodrigues da Paixão disse...

Sua afirmativa de que encerrei o curso de Hipnose no Hospital Miguel Couto foi respondida no seu artigo publicado no site Artigonal.com

Giselle disse...

Parabéns pela perseverança e profissionalismo! Adorei seus textos...são ótimos! Bjss